Sedentarismo e saúde mental
O sedentarismo é um estilo de vida caracterizado pela falta de atividade física regular. Em todo o mundo, o avanço da tecnologia e a adoção de hábitos cada vez menos ativos contribuem para um aumento significativo dos casos de sedentarismo, que, além dos efeitos negativos conhecidos sobre a saúde física, também está intimamente ligado à saúde mental.
A relação com a saúde mental pode ser observada em diversos aspectos. Em primeiro lugar, a falta de exercício físico regular – que favorece a liberação de endorfinas, substâncias responsáveis por sensações de prazer e bem-estar – está associada a um maior risco de desenvolvimento de distúrbios emocionais, como a depressão, a ansiedade e o estresse.
Não se exercitar ou se exercitar muito pouco também costuma provocar problemas na qualidade e na duração do sono, o que impacta diretamente o equilíbrio emocional e cognitivo. Além disso, o sedentarismo pode levar ao ganho de peso, à perda de condicionamento físico e à diminuição da capacidade funcional, provocando a redução da autoestima e da autoconfiança do indivíduo e, por consequência, o desenvolvimento de transtornos alimentares.
Diante de tantas evidências, fica claro que a adoção de um estilo de vida ativo –que favorece o convívio, o compartilhamento de experiências e a sensação de pertencimento a um grupo – tem efeitos positivos na autoestima, na redução do isolamento social e no combate à solidão, fatores determinantes para o bem-estar físico e mental. É fundamental, portanto, incentivar a conscientização sobre a importância da atividade física e buscar formas de incorporá-la no dia a dia.
Para quem é sedentário, um desafio…
Segundo pesquisas e estudos na área da Psicologia e da Neurociência, é possível que um novo comportamento se torne um hábito após aproximadamente 21 dias de prática consistente, conceito conhecido como “formação de hábito”.
Quando começamos a fazer exercícios regularmente, nosso cérebro passa por mudanças neuroplásticas, ou seja, ocorrem emoções que fortalecem as conexões neurais relacionadas à atividade física. À medida que repetimos uma ação, como fazer exercícios, o cérebro cria um caminho neural mais eficiente, facilitando a execução desse comportamento no futuro.
Durante esses 21 dias, o corpo começa a experimentar os benefícios dos exercícios, como o aumento de energia, a melhora do humor e a redução do estresse. Essas sensações positivas associadas à prática regular ajudam a criar uma associação mental entre exercícios e bem-estar, aumentando a motivação e o prazer em se exercitar. É importante estabelecer um compromisso com a atividade física, incorporando-a à rotina, pois a regularidade e a consistência são fundamentais para a formação de um hábito duradouro.
Vale ressaltar, entretanto, que a experiência individual pode variar: nem todas as pessoas se tornarão apaixonadas por exercícios após exatamente 21 dias, alguns podem precisar de mais tempo para se adaptar e encontrar prazer. O importante é persistir, experimentar diferentes modalidades e encontrar o que melhor se adequa às necessidades individuais.
Cristina A. Silva
Psicóloga
CRP 06/44940